Versace: os desafios da construção do figurino
- Alessandra Campanha
- 6 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de jul. de 2021

Referência na alta-costura mundial, o estilista italiano Gianni Versace fundou, na década de 1970, a grife de roupas que leva seu nome. Por sua forte amizade com inúmeras celebridades ele foi um dos primeiros estilistas a ligar a moda ao mundo da música. Ficou conhecido como um "engenheiro da moda" por misturar cultura pop, arte, música e teatro. Suas criações foram marcadas por exuberância e sensualidade carregando uma forte assinatura rock 'n' roll.
Essa essência rocker é parte do legado mantido por Donatella Versace, que assumiu a direção criativa depois do trágico assassinato de seu irmão e que a mantém até hoje como uma das principais marcas mundiais do circuito fashion.
Originalmente criada pelo canal americano Fx e disponível no catálogo Netflix Brasil essa série é a segunda parte da franquia "American Crime History", que tem como objetivo trazer à tona crimes reais, polêmicos, mau contados, recheados de preconceitos e outras delicadas questões sociais do nosso século.
A primeira temporada, que retratou o julgamento do esportista O.J Simpson me fisgou já no primeiro episódio. Se você curtiu O.J Simpson certamente irá gostar dessa também.
Vale ressaltar que essa não é uma série de moda, muito menos sobre Versace. É uma franquia do tipo investigação policial.
Inclusive, acho que o título deveria ser outro: "O Assassino de Gianni Versace" porque apenas 1/3 dos episódios trazem a história do estilista. Os demais contam a vida do assassino e de suas vítimas.
O roteiro foi criado a partir do livro "Vulgar Favors: The Assassination of Gianni Versace", escrita por Maureen Orth, colaboradora da revista americana Vanity Fair que passou anos entrevistando pessoas relacionadas ao crime e ao serial killer.
O garoto de programa Andrew Cunanan, abordou Versace no dia 15 de julho de 1997 (à época com 50 anos de idade) em frente à casa do estilista, em Miami Beach, e o atingiu com dois tiros na cabeça. Autor de outras quatro mortes, o criminoso já estava entre os Top 10 mais procurados pelo FBI e tinha como objetivo macabro não ser esquecido. Ele conseguiu fugir e se matou oito dias depois do assassinato.
SOBRE O FIGURINO
A série "O Assassinato de Gianni Versace" transita entre fatos reais e material ficcional, o que fez com que a família Versace emitisse um comunicado avisando que nenhum membro teve qualquer envolvimento com a obra. Dessa forma, o acervo da grife não foi disponibilizado para a produção.
Por isso, uma das maiores dificuldades da equipe de "American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace" foi a construção dos looks. A responsabilidade do time foi grande, já que, por se tratar de uma série em torno de uma das marcas mais famosas do mundo a partir de um crime tão recente na memória popular, a reconstituição dos visuais e guarda-roupas dos personagens exigia muita proximidade com a realidade.
Foi aí que os desafios da construção do figurino começaram. Não ter o apoio da família e consequentemente da maison, fez com que a equipe tivesse que montar o figurino do zero, a partir de peças replicadas e adquirindo outras do acervo de colecionadores e de sites especializados de todo o mundo.
SOBRE A EQUIPE
Foi uma força-tarefa colaborativa entre a Designer de Produção Judy Becker e a dupla de figurinistas Lou Eyrich & Allyson Leach para compor o complexo guarda-roupa da série, onde 3 dos personagens principais tinham o vestuário mais complexo de se replicar: Gianni Versace, Donatella Versace e Antonio D’Amico, companheiro do estilista.
A figurinista chefe Lou Eyrich (ganhadora de 5 prêmios Emmy) fez questão de recriar as peças originais da marca lançadas nos anos 90. "Eu tive o maior respeito e dedicação para garantir que mostraríamos tudo próximo do original", disse Eyrich ao site Hollywood Reporter (leia a entrevista completa no link). Eyrich e sua equipe compraram centenas de peças da Versace de revendedores de todo o mundo, incluindo "The Way We Wore" e "Catwalk" em Los Angeles e "C Madeleines" em Miami. "Acho que elevamos os preços", diz ela, acrescentando: "Estávamos na Internet 12 horas por dia". Eles também compraram online pelo eBay e Etsy. A quantidade de peças foi tão grande que foi necessário alugar um espaço só para isso.
Quando não se conseguia encontrar ou quando a verba não permitia pagar por determinada peça, ela foi recriada. “Fomos cautelosos em fazer com que tudo parecesse incrível para honrar a marca de Versace e Donatella, por isso tentamos usar a melhor seda, e quando usamos alfinetes como elemento decorativo, eles foram banhados em ouro” diz Eyrich, explicando que Penelope Cruz é amiga de Donatella Versace e tem no guarda-roupa pessoal muitas de suas criações. Então era muito importante para ela que tudo fosse o mais próximo e crível possível.
Inclusive, a atriz foi colaboradora no desenvolvimento do vestido de seda cor-de-rosa, inspirado na criação de Versace em 1996, mas que não é uma réplica exata.

A equipe ainda contou com uma alfaiate em tempo integral Joanne Mills e o especialista em couro e alfaiataria Jonathan A. Logan.
Como a série avança e volta no tempo é possível ver coleções de alguns anos. "Tivemos uma cena no início da década de 1990, que deveria mostrar a audácia e o sex appeal da marca. Estudamos as imagens da famosa coleção de outono de 1992 Miss S & M e ficamos babando no couro, franjas e detalhes", diz outra integrante da equipe de figurino, Allyson Leach, em entrevista ao site Fashionista.
O bacana é que podemos ver a evolução da marca ao longo dos anos em que a história é retratada.
Em entrevista o New York Post, Eyrich conta:
"Uma exceção que acontece (primeiro episódio) é um roupão pink que Versace usa no café da manhã em sua casa de Miami na manhã em que é assassinado por Andrew Cunanan (Darren Criss)". Eyrich fez isso com as especificações de Murphy - ela diz que o produtor executivo pediu algo esvoaçante, então ela usou uma seda especialmente leve. "Quando Edgar andou, ele ganhou volume", diz Eyrich. Eyrich confiou em sua “gênio alfaiate” Joanne Mills para refazer o icônico vestido que Versace projetou para sua irmã - preto de couro sexy, cheio de detalhes com cintos ligam o corpete à gargantilha.

“Tivemos todas as fotos que pudemos resgatar”, diz Eyrich sobre o vestido que Donatella usou para uma festa na Biblioteca Pública de Nova York celebrando o centenário da Vogue em 1993. “Fomos muito cuidadosos em demonstrar nosso respeito; "Eu não queria que parecesse um design de filme feito para TV. Eu queria prestar uma homenagem mas sem denegrir". Joanne recriou todo os aviamentos incluindo a fivela do cinto.
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